ATA DA TERCEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 04.08.1999.
Aos quatro dias do mês de
agosto do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
dezessete horas e nove minutos foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adeli Sell, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Elói Guimarães, Gilberto
Batista, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn,
João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz
Braz, Maristela Maffei, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol,
Renato Guimarães e Sonia Saraí. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores
Antônio Losada, Clênia Maranhão, José Valdir, Paulo Brum e Tereza Franco. Em
PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 3ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei
Orgânica nº 03/99, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº
31/99, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 06/99, os Projetos de
Lei do Legislativo nºs 156 e 157/98, 84, 88/99, este discutido pela Vereadora
Maristela Maffei, 89/99, discutido pelo Vereador Juarez Pinheiro, 90, 91, 93,
94 e 95/99, os Projetos de Lei do Executivo nºs 10, 12 e 13/99, os dois últimos
discutidos pelos Vereadores João Dib e Renato Guimarães, 14/99, este discutido
pelo Vereador João Dib, os Projetos de Resolução nºs 39, 38 e 40/99, os dois
últimos discutidos pelos Vereadores João Dib e Juarez Pinheiro. Ainda, durante
o período de Pauta, o Vereador José Valdir pronunciou-se sobre o Projeto de
Emenda à Lei Orgânica nº 02/99. A seguir, constatada a existência de
"quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e foram apregoadas a Emenda nº
01, de autoria do Vereador Juarez Pinheiro, ao Projeto de Resolução nº 38/99
(Processo nº 2454/99), e a Emenda nº 01, de autoria do Vereador Juarez
Pinheiro, ao Projeto de Resolução nº 40/99 (Processo nº 2457/99). Foi aprovado
Requerimento da Vereadora Maristela Maffei, solicitando seja o Projeto de Lei
do Legislativo nº 88/99 (Processo nº 2028/99) considerado em regime de urgência
e submetido à reunião conjunta de Comissões Permanentes. Foi aprovado
Requerimento do Vereador João Dib, solicitando seja o Projeto de Lei do Executivo
nº 12/99 (Processo nº 2356/99) considerado em regime de urgência e submetido à
reunião conjunta de Comissões Permanentes. Foi aprovado Requerimento do
Vereador João Dib, solicitando seja o Projeto de Lei do Executivo nº 13/99
(Processo nº 2357/99) considerado em regime de urgência e submetido à reunião
conjunta de Comissões Permanentes. Foi aprovado Requerimento do Vereador João
Dib, solicitando seja o Projeto de Lei do Executivo nº 14/99 (Processo nº
2358/99) considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta de
Comissões Permanentes. Foi aprovado o Requerimento nº 171/99 (Processo nº
2485/99 - Sessão Solene em homenagem ao septuagésimo sexto aniversário do
Instituto Porto Alegre - IPA), de autoria do Vereador Nereu D’Ávila. Foi
aprovado o Requerimento nº 166/99 (Processo nº 2375/99 - Sessão Solene em
homenagem aos quarenta anos da Revolução Cubana), de autoria do Vereador Renato
Guimarães, por treze votos SIM, quatro votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, após ser
encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Renato Guimarães, Luiz Braz,
Gilberto Batista, Elói Guimarães, Cláudio Sebenelo e Helena Bonumá, em votação
nominal solicitada pelo Vereador Renato Guimarães, tendo votado Sim os Vereadores
Adeli Sell, Antônio Losada, Cyro Martini, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa,
Helena Bonumá, José Valdir, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann,
Maristela Maffei, Renato Guimarães e Sonia Saraí, Não os Vereadores João Carlos
Nedel, João Dib, Luiz Braz e Pedro Américo Leal, e tendo optado pela Abstenção
os Vereadores Cláudio Sebenelo e Paulo Brum. Durante a apreciação do
Requerimento nº 166/99, o Vereador Nereu D’Ávila, na presidência dos trabalhos,
sugeriu a alteração de termos constantes do pronunciamento do Vereador Renato
Guimarães, o que foi realizado, tendo o Orador manifestado sua anuência com tal
alteração. A seguir, foram apregoadas as seguintes Emendas, todas relativas ao
Projeto de Resolução nº 38/99 (Processo nº 2454/99): de nºs 02 e 03, de autoria
do Vereador Juarez Pinheiro, e de nº 04, de autoria do Vereador Renato
Guimarães. Foi aprovado o Requerimento nº 169/99 (Processo nº 2452/99 - Convite
ao Senhor Mauri Cruz, Diretor-Presidente da Empresa Pública de Transporte e
Circulação - EPTC, para comparecer em Plenário para prestar esclarecimentos
sobre a arrecadação e destinação dos valores arrecadados através de multas de
trânsito), de autoria do Vereador Luiz Braz, após ser encaminhado à votação
pelos Vereadores Cláudio Sebenelo e Guilherme Barbosa. Às dezoito horas e
quarenta e três minutos, constatada a inexistência de "quorum", o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Nereu D'Ávila e secretariados pelo
Vereador Adeli Sell. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Estão abertos os trabalhos da 3ª Sessão
Extraordinária.
Passamos
à
PAUTA
(05 oradores/05 minutos/com apartes)
3ª SESSÃO
PROC.
1948/99 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 003/99, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que
altera o art. 91 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (substituição do
Prefeito)
PROC.
1192/99 – SUBSTITUTIVO Nº 01, que
cria obrigação tributária acessória e estabelece as condições para cobrança e
fiscalização do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, prestados através
dos prefixos 900 e 0900 da telefonia fixa e móvel, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 031/99, ambos de autoria do Ver.
Adeli Sell.
PROC.
2028/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 088/99, de autoria da Verª Maristela Maffei, que
concede ao Senhor Francisco Buarque de Hollanda o título honorífico de Cidadão
de Porto Alegre.
PROC.
2045/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 089/99, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que
dispõe sobre os fogos de artifício e demais artefatos pirotécnicos e dá outras
providências.
PROC.
2063/99 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 006/99, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
suspende o direito de uso dos espaços públicos municipais cedidos à entidade
que infringir a legislação municipal.
PROC.
2065/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 093/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que
proíbe a distribuição gratuita de cigarros, por seus fabricantes, aos
freqüentadores de bares, restaurantes, bingos, clubes, casas noturnas e
estabelecimentos similares no Município de Porto Alegre e dá outras
providências.
PROC.
2078/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 094/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Barnabé Pereira dos Santos um logradouro público localizado no
Bairro Farrapos.
PROC.
2079/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 095/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Praça Arlindo Wendelino Kremer um logradouro público localizado no
Bairro Farrapos.
PROC.
2141/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 010/99, que autoriza a permuta de próprio municipal
por área localizada na Rua Dr. Salvador França, para fins de execução de obras
da III Perimetral e dá outras providências.
PROC.
2356/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 012/99, que cria e extingue cargos de provimento
efetivo na Administração Centralizada do Município e dá outras providências.
(Técnico em Radiologia)
PROC.
2357/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 013/99, que cria cargos de provimento efetivo na
Administração Centralizada do Município e dá outras providências. (diversos
cargos integrantes dos Grupos de Saúde e Assistência, Técnico Profissional e
Executivo e Assessoramento Superior)
PROC.
2358/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 014/99, que cria cargos do Magistério Público
Municipal na Administração Centralizada do Município e dá outras providências.
(Professor)
PROC.
2454/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 038/99, de autoria da Mesa Diretora, que consolida disposições
sobre estágio curricular de complementação profissional, para estudantes de
estabelecimentos de ensino de segundo grau e superior, na Câmara Municipal de
Porto Alegre e dá outras providências.
PROC.
2455/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 039/99, de autoria da Mesa Diretora, que extingue dois cargos em
comissão de Assessor Técnico Especial, cria um cargo em comissão de Assessor Parlamentar
de Bancada e um cargo em comissão de Assessor em Assistência Social, no Quadro
de Cargos em Comissão e Funções Gratificadas da Câmara Municipal de Porto
Alegre, e dá outras providências.
PROC.
2457/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 040/99, de autoria da Mesa Diretora, que coloca em extinção, na
Câmara Municipal de Porto Alegre, à medida em que vagarem, os cargos efetivos
da classe de Auxiliar de Serviços Gerais e o cargo em comissão de Consertador
de Máquinas; extingue as funções gratificadas de Eletricista, Marceneiro,
Desenhista, Jardineiro e Auxiliar de Serviços de Conservação, bem como duas
funções gratificadas de Chefe de Setor; cria funções gratificadas de
Oficial-Assessor e de Assessor do Gabinete de Estudos Legislativos; institui a
terceirização dos serviços de limpeza e de manutenção e dá outras providências.
PROC.
3126/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 156/98, de autoria da Verª Maria do Rosário, que
denomina Rua André Gambrois um logradouro público localizado no Bairro Nonoai.
(desarquivado a requerimento do Ver. Cyro Martini)
PROC.
3128/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 157/98, de autoria da Verª Maria do Rosário, que
denomina Rua David Capistrano da Costa um logradouro público localizado no
Bairro Nonoai. (desarquivado a requerimento do Ver. Cyro Martini)
PROC.
1963/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 084/99, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que
institui o Programa de Incentivo ao Trabalho e Requalificação Profissional no
Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Emenda nº 01.
PROC.
2048/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 090/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Monsenhor Zeno Marques um logradouro público localizado no Bairro
Farrapos.
PROC. 2049/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 091/99, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que altera a Lei nº 6998/92, alterada pela Lei nº 7462/94, estendendo o benefício da passagem escolar a acompanhantes de alunos entre 5 e 10 anos de idade, bem como dá nova redação ao § 1º do art. 3º, que trata da confecção e distribuição de cadernetas para a compra de passagens.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não
posso deixar passar essa oportunidade sem registrar a fúria legiferante da Casa
do Povo de Porto Alegre.
Na
primeira sessão de Pauta, hoje, nós tínhamos nada menos do que 29 Projetos.
Que
Cidade maravilhosa, que País maravilhoso com tantas leis! Mas as leis nem
sempre são boas, nem sempre são sãs, nem sempre atingem seus objetivos.
Eu
estou nesta tribuna para falar sobre aqueles processos para os quais eu pedi
urgência.
Tantas
vezes eu critiquei o Executivo Municipal nesta tribuna por causa das
cartas-contrato feitas de forma completamente desmesurada, sem nenhuma
responsabilidade e seriedade. Na verdade, foi o que aconteceu.
Nós
vimos, reiteradas vezes; analisamos, vimos cartas-contrato repetidas cinco
vezes. Às vezes, não tendo terminado um dos contratos, estava iniciando outro.
No
dia 05 de maio iniciava um contrato, mas o outro iria terminar no dia 31 de
maio, isso ocorreu também, várias vezes.
Quando
fizeram a Lei 7770, a Administração dizia: “Outrossim, as contratações para
admissão de pessoal por tempo determinado serão rigorosamente controladas pelo
Executivo e a própria Câmara Municipal, conforme o art. 2º, parágrafo 2º e 3º,
dar-se-ão em número reduzido, oportunizando uma repercussão quase imperceptível
no orçamento”.
Não
é verdade, não foi em número reduzido, não foi de uma forma séria, nem correta.
As
pessoas que procuraram esta Casa buscando solução para os seus problemas,
porque eram concursadas e não eram chamadas, encontraram o apoio de todos os
Vereadores que as ouviram.
Agora,
fizemos com que esse Projeto viesse à Casa, vamos votá-lo com urgência, sem
dúvida nenhuma. Se a Mesa determinar, eu mesmo farei o relatório para que ele
seja votado sem nenhuma preocupação.
Nós
faremos justiça aos concursados, mas também faremos justiça à Cidade que não
pode ver, de repente, trocando as pessoas que iniciaram um trabalho, deixando
sem continuidade seus trabalhos.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. João Dib, esta preocupação é da Casa. Houve mobilização das
pessoas, e o Executivo já vinha trabalhando há tempo sobre esse Projeto. E a
nossa Bancada, por intermédio da minha pessoa, quer apoiar a indicação de V.
Exa. como relator desse processo.
O SR. JOÃO DIB: Sou grato, Ver. Guilherme Barbosa.
Mas,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, há mais Projetos aqui - e esses sim me
preocupam -, sobre a criação de cargos para estagiários, que poderão, segundo
leio aqui - li rapidamente o Projeto, pois ele entrou hoje e está sendo votado
com urgência -, ser dobrados em número: de trinta nós passaríamos a ter
sessenta estagiários.
Eu
tenho mais tempo que todos os outros Vereadores nesta Casa. Quando esta Casa
fez duzentos anos - e ela vai fazer duzentos e vinte e sete anos -, nós
tínhamos - e aqui está o documento que mostra isso - cem servidores, entre
ativos e inativos, sendo que os inativos eram dezenove. Então, nós
funcionávamos com oitenta e um, sendo que nem todos eram servidores da Câmara
Municipal; alguns eram cedidos para a Câmara pela Prefeitura, como acontece até
hoje. Hoje, entre cedidos, ativos, inativos, comissionados, nós temos em torno
de setecentos servidores. Eu penso que não é preciso aumentar, em um sequer, o
número de servidores nesta Casa sem que se faça um estudo profundo de quem nós
vamos retirar. Nós estamos aumentando cargos e criando possibilidades de terceirizar
serviços. Então, há necessidade de um estudo profundo sobre o assunto, e isso
não aconteceu.
Eu
tenho medo que, de trinta, nós passemos para sessenta estagiários. Eu nem sabia
que estagiários estavam sendo nomeados pela Câmara, e parece que há muito
tempo, porque, desde que entrou o Projeto, hoje, eu procurei informações, e as
recebi, dentro de limitações. De qualquer forma, eu já me estou manifestando
contrariamente a qualquer alteração nos quadros da Câmara Municipal. Saúde e
paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vereadora Maristela Maffei está com a
palavra para discutir a Pauta.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, senhoras e senhores, eu gostaria de falar, neste momento, sobre o
Projeto que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr.
Francisco Buarque de Holanda, o nosso Chico Buarque, o Chico que tanto resistiu
à censura, o Chico da MPB, o Chico compositor, o Chico cantor, enfim, uma
figura pública e um homem da cultura que nos representa não apenas aqui no
nosso País, mas que nos dá tanto orgulho pela alta qualificação e que nos
representa em nível internacional.
Eu
acredito, Ver. Cláudio Sebenelo que a pior das pobreza é a falta de
investimento na pesquisa, na cultura e no monopólio das informações. E quando
nós temos alguém que consegue ultrapassar, no nosso País, com toda a
qualificação a que o Chico corresponde e que conta a nossa história e que conta
a nossa vida do seu jeito e que faz com que o Brasil seja visto de outra forma,
nos traz muito orgulho. Nesse sentido através de Projeto de minha autoria,
queremos homenagear o Chico Buarque de Holanda que estará, também, em Porto
Alegre nos dias doze, treze e quatorze no Teatro do SESI fazendo o seu show.
Então, no dia onze, fazer esta homenagem ao nosso querido Chico Buarque.
Entramos
com o pedido de urgência e eu acredito, firmemente, na compreensão dessa Casa,
de todos os Vereadores e Vereadoras, que nesse dia possamos aprovar a urgência
para que tramite o mais rápido possível esse Projeto.
Era
isso que eu tinha a dizer e registrar a essa figura tão importante da nossa
história, que com certeza consegue perpassar qualquer ideologia e faz com que
nós tenhamos o reconhecimento, o valor que ele significa para nossa sociedade.
Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Renato Guimarães
para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
destaco, no debate da Pauta no dia de hoje, o Projeto do Executivo que trata da
criação de cargos na área da saúde. Este Projeto teve um amplo debate, tanto
dentro da Câmara Municipal como no Executivo, onde uma comissão se reuniu por
mais de seis meses, avaliando as necessidades da Secretaria Municipal da Saúde
e o potencial, em nível de receita, para suportar o impacto na folha de
pagamento deste Projeto.
Com
todo o debate que a Comissão de Saúde acompanhou, se chegou à conclusão sobre
essas necessidades - que são antigas, mas não havia possibilidade de
viabilizar, então, chegamos a esse encaminhamento. Há quinze dias, o Prefeito
entregou ao Presidente da Casa, Ver. Nereu D’Ávila, este Projeto que cria mais
de 800 cargos. Trazendo, portanto, impacto imenso à folha de pagamento da
Prefeitura, mas, no nosso entendimento, resolve um problema sério na área da
saúde no Município de Porto Alegre, porque, em conseqüência da municipalização
da saúde, estamos vendo, ano após ano, cada vez mais a nossa responsabilidade
em relação ao atendimento da saúde e o congelamento total das verbas que são
repassadas pela esfera federal. Municipalizamos a saúde no ano de 1996,
recebendo 21 milhões por mês, estamos no ano de 1999, assumimos um conjunto de
tarefas muito superiores àquelas de 96, e ainda continuamos com o valor do SUS
congelado no Município de Porto Alegre, continuamos recebendo os 21 milhões da
esfera federal.
Este,
na verdade, é o principal fator financeiro da briga que acompanhamos entre os
hospitais da Capital e o pagamento do SUS, que é a principal questão que os
hospitais levantam que é o congelamento do valor do SUS que o Ministério da
Saúde repassa para Porto Alegre.
Portanto,
aproveitando esse Projeto, os Vereadores que já fizeram isso no ano passado têm
que construir um movimento em relação ao Ministério da Saúde para revermos a
tabela do SUS para o Município de Porto Alegre.
Gostaria
de registrar, no momento que discutirmos esse Projeto, que a rede básica de
saúde em Porto Alegre, nos últimos anos, vem crescendo em tamanho e qualidade.
Temos, hoje, na rede básica, que faz o atendimento na periferia, 95 postos de
saúde funcionando.
Portanto,
para darmos atendimento de qualidade nestes postos, para sairmos da quantidade
para a qualidade, este Projeto se justifica
Deixo
um pedido especial aos Srs. Vereadores para que façamos a tramitação desse
Projeto o mais rápido possível e o aprovemos, para que a Secretaria possa
chamar os concursados, que estão esperando, alguns até com carta-contrato, para
que sejam chamados e colocados à disposição do cidadão da Cidade, e para que
coloquemos em prática o Programa do Sistema Municipal de Saúde.
A
Prefeitura, além deste, apresenta mais dois Projetos: um readequando cargos na
área da radiologia, para técnico em radiologia, e outro, criando cargos de
professores para a rede de educação municipal. Isso é um exemplo de que a
Administração Popular em Porto Alegre, em vez de apresentar Projetos de PDV
para a demissão de funcionários, amplia o número de funcionários públicos no
Município de Porto Alegre, o que é uma afirmação da garantia de que queremos
uma Prefeitura funcionando para o cidadão, diferente do Governo Federal, que na
semana passada anunciou um programa de enxugamento de seus funcionários por
várias iniciativas. Mais de cem mil funcionários públicos federais em todo o
País serão demitidos. Isso mostra a afirmação de um Projeto de Estado, que
atende às necessidades do cidadão, contrariamente ao Projeto de Fernando
Henrique Cardoso, que quer enxugar a máquina, demitindo funcionários.
Por
isso dizemos: basta, Fernando Henrique Cardoso! Vamos construir um outro
Governo Federal! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra
para discutir a Pauta.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, a Pauta de hoje está prenhe de inúmeras
iniciativas importantes, proposições dos Srs. Vereadores e do Poder Executivo.
Eu destaco a criação de cargos para a área da saúde, mais de oitocentos cargos
e um Projeto de Lei de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que cria critérios
mais rígidos para a produção e a comercialização de fogos de artifícios. O Dr.
Cláudio Sebenelo, Vereador, há pouco me dizia que no dia 31 de dezembro de
1998, aproximadamente trinta e quatro pessoas tiveram contusões absolutamente
sérias, devido a manipulação equivocada com fogos de artifícios.
É
uma iniciativa extremamente louvável do Vereador, inclusive a este Vereador já
havia sido solicitada essa providência, mas não reuni a competência suficiente
para fazer a proposição.
Eu
queria, agora, Sr. Presidente, dirigir-me mais a V. Exa., porque durante este
tempo em que componho a Mesa, tem sido muito bom, temos tido uma boa relação de
trabalho, tenho sempre dito que está sendo muito fácil trabalhar com o
Presidente. Temos aqui um colegiado, uma Mesa composta de seis Vereadores, mas
a importância do Presidente é muito grande, relativamente aos demais membros.
Temos tido uma excelente relação de ordem pessoal, profissional e tenho
procurado colaborar da melhor forma possível. Mas isso, por óbvio, não elide a
questão da crítica eventual em uma questão absolutamente pontual. Na medida em
que eu digo que está sendo prazeroso, que está sendo importante, que acho que a
Mesa, através do seu Presidente, tem conduzido muito bem os trabalhos, não só
de Plenário, mas também os trabalhos administrativos da Casa, tudo isso não
elide que em alguns pontos específicos se possa ter uma questão de
discordância. E hoje eu preciso me manifestar em duas razões principais. A
primeira, é que vários Vereadores me questionaram o porquê de eu não ter
assinado três Projetos de Resolução. Havia a assinatura de cinco Vereadores e
não continha a minha assinatura. Em segundo lugar, Presidente, meu amigo, quero
dizer que eu não fui consultado sobre algumas questões que eu considero importantes.
Eu estou falando da criação de cargos, de nove Funções Gratificadas, de oficial
Assessor, e de mais uma GEL, que é a Função Gratificada de Assessor de
Gabinete.
A
Reforma Administrativa, através da Emenda Constitucional nº 19, tem
incentivado, e o próprio Presidente tem trabalhado nisso, no sentido de que se
venham a evitar as FGs volantes. Ou seja, as FGs têm que ser dadas para a
estruturação da Casa, para cargos de chefia. Nós precisamos fazer com que esta
Câmara, que nos últimos anos, sob a direção do Ver. Clovis Ilgenfritz, do Ver.
Luiz Braz e do Vereador Presidente, Nereu D’Ávila, ela tem, por uma série de
iniciativas desses Presidentes, junto com as suas Mesas Diretoras, conseguido
melhorar o rendimento e colocar o nosso Parlamento em destaque em nível
estadual e nacional, pela qualidade dos trabalhos que realiza. Nós não
concordamos com essa reforma constitucional, porque retira direitos dos
trabalhadores, fato que não aceitamos, mas que tenhamos que privilegiar os
cargos de chefia, a criação de mais nove FGs não-determinadas, a juízo,
fraternalmente, Presidente, da nossa Bancada, não é fruto de uma discussão que
até pode ser feita, mas não foi proferida.
Os
Projetos propostos por V. Exa., todos eles, no que se refere à questão dos
estágios para estudantes de segundo grau e nível superior, estão corretos,
necessitando apenas de pequenas adaptações.
A
questão de substituição de dois cargos do PSDB, porque perdeu uma Vereadora,
está absolutamente correto, mas a criação dessas FGs, nós entendemos que elas
não têm um sentido maior e mereceriam, por parte do Presidente e da Mesa
Diretora um estudo mais acurado. Nós estamos apelando a V. Exa., Ver. Nereu
D’Ávila, que tão bem tem conduzido os trabalhos, que isso possa até fazer parte
de uma outra proposição melhor discutida e que isso possa ser retirado dessa
proposição. É isso que de uma forma absolutamente fraterna e preocupado mais
com a Casa do que com qualquer outro benefício, é que fizemos esse apelo a S.
Exa.
Como
hoje é o último dia para a entrada de Emendas, pois já correu Pauta, então o
Ver. Guilherme Barbosa está propiciando uma Emenda que, apenas naquela parte,
solicita a retirada, a supressão, para que haja um melhor estudo do Presidente,
junto com a Mesa e as Lideranças e, daí sim, se for o caso, ocorra uma ampla
discussão e possamos chegar a uma conclusão. A exemplo disso, quanto ao Cargo
de Assistente Social, entendemos que ele poderia ser preenchido através de
concurso público, porque tem essa característica.
Essa
é a colaboração, Sr. Presidente, que queremos ofertar a V. Exa., e que talvez,
no afã de a gente encaminhar uma série de resoluções de ordem administrativa da
Casa, com o bom sentido de melhorá-la no que se refere ao seu funcionamento,
principalmente em sua atividade-fim, isso tenha passado meio ao largo e não
tenha merecido um maior aprofundamento. Apenas nesses itens nós temos esse
posicionamento, mas ressaltando que estamos absolutamente conformes com a forma
com a qual V. Exa. tem encaminhado os trabalhos da Mesa, e falo como Vereador
representante do PT na Mesa, como Vice-Presidente da Casa e apenas nessa
questão não fomos ouvidos, não temos opinião, e por isso estamo-nos
manifestando contrariamente, mas entendo que essa discussão pode ser proferida,
como V. Exa. tem feito nas reuniões com os Líderes e com a Mesa. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra.
O SR. JOSÉ VALDIR: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, há
muito tempo queria debater este Projeto que acrescenta parágrafo 2º ao art. 90,
da Lei Orgânica, estabelecendo que o Prefeito deverá, num prazo de trinta dias,
enviar à Câmara Municipal documentos contendo as promessas feitas durante o
período eleitoral. Tenho uma divergência mais formal e uma de fundo com esse
Projeto. A questão mais formal é a seguinte: quando nós fazemos leis aqui,
temos que nos perguntar sobre a eficácia das mesmas. Também não podemos
“absolutizar” a norma escrita, a norma legal que fazemos nesta Casa e querer
achar que todas as relações que existem na sociedade têm que ser regradas
através de uma norma ou de uma lei. Há coisas que possuem campo próprio para se
estabelecer, como essa questão, que é no campo da política, o campo que resolve
essa questão. A primeira questão que surge aqui é a expressão “promessa”.
Nenhum partido político moderno assume que está fazendo promessa em época de
campanha, porque é um termo desgastado que tem a ver com uma tradição populista
já meio proscrita hoje. Hoje, se fôssemos fazer um Projeto, teríamos que
colocar programas. E aí começa a minha divergência de fundo. Acredito que esse
Projeto enfatiza muito a idéia do indivíduo, e não a idéia do programa que o
indivíduo representa, porque corremos o risco de ver a árvore e não ver a
floresta.
Há
governantes que muitas vezes têm pontos do programa de governo que são
claramente descumpridos, uma vez no governo. Eu citaria dois ou três exemplos:
o Presidente Collor, quando denunciou em campanha que o Lula, se fosse eleito,
iria atacar a poupança da classe média e que ele não iria fazer, mas, quando
assumiu o governo, foi a primeira coisa que fez. Então, foi um descumprimento
de uma questão pontual do programa. O Governador Pedro Simon, quando assumiu,
disse que iria cumprir a lei dos dois e meio salários-mínimos e entrou na
Justiça, questionando a Lei 8.026. Mas são questões pontuais, porque, no geral,
os governos cumprem um programa partidário, um programa de governo. O Collor só
foi apeado do poder pela corrupção explícita. Aliás, é a única diferença que tem
com o Fernando Henrique Cardoso, esse caráter explícito, porque o modelo do
Fernando Henrique é o mesmo, tanto que um foi Ministro do outro. O modelo é o
mesmo! Eu jamais acusaria Fernando Henrique Cardoso de que os problemas que
estão acontecendo hoje, de desemprego, de miséria, sejam porque ele não esteja
cumprindo com o programa. Pelo contrário, é exatamente por ele cumprir com o
programa neoliberal é que está isso aí. Então, este Projeto, nesse sentido, até
mascara essa coisa, porque, na verdade, se o País está atolado nesta crise que
nós estamos vivenciando, não é porque alguém deixou de cumprir alguma promessa
de campanha. Pelo contrário! Tudo que o Collor fez, com exceção desta questão
da poupança, ele anunciou previamente, como o Britto anunciou que venderia as
estatais, como Olívio disse que não iria vender, que iria parar com isso, que
não iria dar dinheiro para os grandes. Esta é a questão que tem que ser
discutida.
É
muito educativo para a sociedade que a gente dê à política o espaço da
política. Os Governantes têm que ser cobrados pelo modelo, pelo projeto, pela
totalidade do programa de governo e não a gente querer mistificar, dizendo que
tem este ou aquele problema, hoje, no País, porque estão descumprindo o
programa de campanha. Pelo contrário, os eleitores têm que saber que o País
está mergulhado nesta crise exatamente porque está sendo implantado fielmente
um programa que foi anunciado com todas as letras, no período eleitoral.
Exatamente este programa está mostrando que é um programa inviável para fazer a
felicidade do povo brasileiro. Ele está infernizando a vida do povo brasileiro.
Este
Projeto, aqui, mascara esta questão que, para mim, é uma questão central, que
se resolve na política e não num instrumento legal. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
ORDEM DO DIA
Apregoamos
a Emenda nº 01 ao PR nº 38/99, Processo nº 2454/99, de autoria do Ver. Juarez
Pinheiro.
Emenda
nº 01 ao Processo nº 2457/99, PR nº 40/99, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro.
O SR. PRESIDENTE: Requerimento nº 166/99, de autoria do
Ver. Renato Guimarães, que requer Sessão Solene em homenagem aos 40 anos da
Revolução cubana. Em votação. O Ver. João Dib está com a palavra para
encaminhar.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vivendo
e aprendendo.
Não
tenho nada contra Cuba nem contra os cubanos, mas não consigo entender alguns
Vereadores desta Casa que vivem falando em Direitos Humanos, que falam da
Revolução no Brasil, dizendo que muitos foram os mortos e esquecem o paredão cubano. Esquecem as violências
do Sr. Fidel Castro que se mantém no poder, claro que pelo seu simpático
sorriso, há quarenta anos, com mãos de ferro sem dúvida nenhuma. Não vejo razão
para esta Casa comemorar os quarenta anos da Revolução Cubana. Pode, na
oportunidade, o Sr. Fidel Castro, quando tomou o poder para tirar o Fulgêncio
Baptista, estar absolutamente correto, mas o que ele fez depois esta Casa não
pode comemorar sob pena e risco de amanhã virem a esta tribuna querer condenar
alguém no passado e não ter autoridade moral.
Um
dia vi, lá no outro Plenário, o Embaixador de Cuba fazendo os maiores elogios
para aquele país. Lá era o país da saúde e não mais da doença, da cultura e não
do analfabetismo, do alimento e não fome e por aí ele foi. Só que, naquele
momento, lembrei que aqui no Brasil, que tinha passado uma revolução, alguém
que nascesse pequeno poderia ser grande, poderia chegar à Presidência da
República, Senador, mas lá quem nasceu pequeno continua menor.
Então,
não tem sentindo esta Casa fazer homenagem para os quarenta anos da Revolução
Cubana. Não vai levar o meu voto e, se for aprovado, não comparecerei, porque
não posso homenagear alguém que mandou para o paredón milhares e milhares de cubanos. E são os mesmos que
reclamam da Revolução de 64, e que fizeram aqui um monumento para os mortos da
Revolução de 64, mas eram tão incompetentes na lei que fizeram, foram tão
injustos na aplicação da lei, que me obrigaram ir lá na Prefeitura, e eu queria
falar, na oportunidade, se era para os mortos da Revolução de 64, tinha que ser
para os mortos, também, do lado contrário, e não deixaram colocar o nome do
menino que morreu nas ruas da Cidade, o dono do restaurante ali, na Dr.
Timóteo, que não tinha nada que ver com a coisa e morreu, esses nomes não
poderiam ser colocados. Então, estranha muito milhares no paredón. Aquele homem que correu de Cuba é o Che Guevara, que
outros aqui elogiam tanto. Então, tem todo o meu repúdio a idéia do meu querido
Ver. Renato Guimarães, tem todo o meu voto contrário. Saúde e paz! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para encaminhar como autor.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras. Em primeiro lugar, quero fazer um registro: no meu entendimento,
esta Casa cometeu um erro lastimável quando negou o título a Pedro Stédile,
coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, não entrando no mérito,
mas entrando no debate ideológico sobre o que representa Pedro Stédile para a
luta dos trabalhadores deste País, censurando uma Bancada, censurando um
Vereador que quis homenagear uma pessoa das suas relações. Eu já votei a favor
de inúmeros títulos, de inúmeras Sessões que homenageavam situações,
revoluções, cidadãos, dos quais eu discordo. Na visão ideológica, eu discordo,
mas votei a favor pelo respeito, pela liberdade que está construída nesta Casa
de um Vereador, mesmo discordando ideologicamente, aprovar a homenagem a um
outro setor da sociedade. Por quê? Porque esse outro setor da sociedade também
tem direito de ser homenageado.
Portanto,
Ver. João Dib - chamo a sua atenção -, votei a favor de homenagem de sua lavra,
de sua iniciativa, a favor de pessoa da qual eu discordava na prática política.
Mas votei entendendo que esta Casa é livre, é democrática para homenagear a
quem queira. Portanto, eu sou sim, defensor da Revolução Cubana, eu sou um
apaixonado pela Revolução Cubana e por aquele povo, que mora numa ilhazinha, no
quintal dos Estados Unidos, mas se mantém em pé contra o imperialismo, se
mantém em pé contra o Tio Sam, dizendo que lá eles não botam os pés, lá eles
não mandam com o Fundo Monetário Internacional. Essa é uma opção minha, sou eu
que sou apaixonado e que defendo a Revolução Cubana.
Eu
solicitei uma Sessão Solene porque eu e as pessoas que acreditam naquele
exemplo de sociedade queremos homenageá-la. A partir disso, é que venho pedir a
concordância dos Srs. Vereadores. Não estou aqui para fazer um debate
ideológico, para ver se os Vereadores concordam ou não com o sistema de governo
de Cuba. Eu estou aqui para pedir o voto dos Vereadores para fazer uma
homenagem a uma forma de sociedade com a qual concordo e à qual quero prestar
uma homenagem.
Ver.
João Dib, nós temos que deixar, neste debate, a questão ideológica de lado,
porque senão, eu teria votado contra a homenagem que V. Exa. propôs a um grande
empresário deste Estado, que boicotou, nas eleições passadas, a candidatura de
Olívio Dutra. Eu, consciente disso, sabendo que ideologicamente discordo desse
grande empresário, que boicotou o povo do Rio Grande, que atrapalhou a
candidatura de Olívio Dutra, mesmo assim, concordei e, junto com a Bancada do
PT, votei a favor da homenagem, porque o Ver. João Dib tinha o direito de
fazê-la, como eu também tenho esse direito. Os Vereadores desta Casa têm o
direito de homenagear as situações com
as quais concordam. É a situação da Revolução Cubana. Eu poderia me estender na
defesa da Revolução Cubana, mas só a revolução, aquele país e a luta daquele
povo já são uma defesa. Lá, Ver. João Dib, o Fundo Monetário Internacional não
diz para o Governo matar quarenta crianças por hora para poder pagar os juros;
lá o presidente e o povo não aceitam isso. O Brasil, com esse tamanho, instala
um Escritório do Fundo Monetário Internacional na sua sede de Governo, em Brasília, e atende às determinações do Fundo
Monetário Internacional, matando de fome quarenta crianças por hora no Brasil.
Essa é a minha razão ideológica. Sim, eu defendo a Revolução Cubana e defendo
essa homenagem.
A
homenagem já está encaminhada, a Associação José Martí pediu a este Vereador
para protocolar o pedido. Já há cartazes da Associação distribuídos pela
Cidade, convidando a população. Há escolas que já estão articuladas para vir;
há pessoas da Embaixada de Cuba que já estão agendadas para vir. Portanto,
seria um descortesia desta Casa rejeitar o pedido deste Vereador e
desconsiderar que esta Casa é livre, é democrática e que aqui circulam as mais
diversas ideologias. Por isso, cada Vereador tem este direito, e eu penso que
também o tenho. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
encaminhar o Requerimento nº 166/99 pela Bancada do Partido Trabalhista
Brasileiro.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras; senhores e senhoras. Quando o PT encabeça um movimento nacional
para pedir o impeachment de Fernando
Henrique Cardoso, um dos grandes argumentos utilizados é exatamente o argumento
da alternância no poder. É muito salutar, dentro da democracia, termos
exatamente isso: alternância no poder. Por incrível que possa parecer, um dos
Vereadores petistas encaminha a esta Casa um pedido de homenagem a alguém que
há quarenta anos se adonou do poder em Cuba, que há quarenta anos infelicita
aquela nação; alguém que transformou Cuba em um país onde as jovens se
prostituem para poder sobreviver, onde pessoas são obrigadas a viver com a
ração determinada pelo Presidente da República e não podem, ao menos, ter
direito a sonhos, onde os companheiros de Fidel Castro têm direito a tudo, os
militares e aqueles que são do partido único têm direito a tudo, os outros não
têm direito a nada. E se Cuba teve sucesso, algum sucesso, na área do esporte,
na área da saúde, deve muito ao grande patrocínio que, durante muito tempo,
recebeu da União Soviética. Mas, agora, com a derrocada do regime do Leste
Europeu, com a queda do regime russo, com a impossibilidade de a União
Soviética continuar sustentando o regime de Fidel Castro, a gente já começa a
ver os primeiros problemas no regime cubano. Vemos, por exemplo, que um dos
seus maiores atletas, o Sotomayor, precisou de doping para poder vencer uma Olimpíada. Vemos, por exemplo, que a
famosa equipe de voleibol feminino cubana, que tantas vezes cometeu
irreverências em relação às suas adversárias brasileiras, que era praticamente
invencível, teve que se curvar às brasileiras nesses Jogos Pan-americanos. Isso
tudo já faz parte da derrocada dessa proposta, já é reflexo dessa infelicidade
que tomou conta do povo cubano há algum tempo.
Infelizmente,
é esse regime que o PT quer importar para o Brasil. É a esse regime de que se
faz apologia aqui em Porto Alegre, aqui no Rio Grande do Sul, é exatamente a
esse regime.
Eu,
na verdade, Ver. Cláudio Sebenelo, Ver. Paulo Brum, da minha Bancada, Ver.
Pedro Américo Leal, me sinto impossibilitado de votar favoravelmente a uma
homenagem desse tipo. Eu quero contribuir com o meu voto, contribuir com o meu
trabalho para que o processo democrático e tudo o que disser respeito à
democracia possa evoluir, para que possamos ser vitoriosos dentro do sistema
democrático, mas quero ser um adversário sempre duro com relação a todos
aqueles que quiserem transformar este País numa nova Cuba. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a
palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 166/99.
O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quase no
término da Sessão estamos encaminhando o Requerimento do Ver. Renato Guimarães
para uma Sessão Solene de quarenta anos da Revolução Cubana.
Eu
quero externar a minha posição no sentido, também, como a do Ver. João Dib e do
Ver. Luiz Braz, de que não concordo, em vários pontos, com a administração
cubana. Primeiro: é um País em que eu não estou vivendo; segundo: eu vivo na
cidade de Porto Alegre. O Ver. Renato se diz apaixonado por Cuba, extremamente
apaixonado. Eu tenho medo até de perdê-lo, como Vereador desta Cidade, porque é
um ótimo Vereador, se mudar para Cuba.
Mas
a questão não é essa. Como o Ver. João Dib falou, o Sr. Fidel Castro colocou
milhares de pessoas no paredão e matou; a saúde funciona bem, mas os médicos
todos ganham igual; os carros são de 1950; são dez litros de gasolina por mês
para cada morador de Cuba, não para a Ilha, onde eu acredito que o eminente
Fidel Castro more, porque lá, sim, é o dólar que comanda, nas ilhas de Cuba.
Então, não vou entrar nesse mérito.
Agora,
eu também concordo com o Vereador Renato Guimarães no sentido de que a Casa não
pode restringir o Vereador de solicitar uma Sessão Solene. Eu acho que o
Vereador é livre para propor uma Sessão Solene a quem ele bem entenda. É a
opção dele, foi solicitado por uma associação e ele, como Vereador, achou justo
fazer esse Requerimento para Sessão Solene. O proponente dessa Sessão é o
Vereador Renato Guimarães. Não é o Vereador Gilberto Batista! Então, não
podemos criar o caos, porque qualquer hora eu posso pedir uma Sessão Solene
para RBS ou para o Zamprogna - e tenho solicitado para a Zamprogna, que é uma
empresa localizada aqui em Porto Alegre, que emprega 5 mil pessoas -, e vão
votar contra.
O
mérito é horrível. Eu não concordo com nada de Cuba. O ex-Secretário Germano
Bonow esteve visitando Cuba e viu que a saúde pública funciona muito bem naquela
país, mas em outras coisas não funciona nada bem. Então, pelo mérito, eu não
concordo. Mas nós temos que ter a tranqüilidade de votarmos o desejo do
Vereador - e este é inviolável. Assim como o Vereador Luiz Braz, nesta tribuna,
obteve Pedido de Informações, e aqui dessa tribuna V. Exa. falou algumas
palavras como Prefeito, V. Exa. fez uma opção. V. Exa., aqui desta tribuna,
reverenciou a Câmara. E não podemos lhe tirar esse direito de vir a essa
tribuna pedir informações, falar e até solicitar Sessões Solenes. Eu não vou
entrar na questão do mérito. Agora, na questão de cerceamento, eu não concordo,
assim como o PT quer fazer com V. Exa. e com todos os outros parlamentares.
Então,
a posição da minha Bancada para que a Sessão Solene saia, em meu nome e em nome
do PFL, eu vou votar não favorável a Cuba, mas à realização da Sessão Solene
para não cercear qualquer Vereador de qualquer pedido de Sessão Solene. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Vereador Elói Guimarães está com a
palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 166/99.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
assunto trazido ao debate, com a iniciativa do Ver. Renato Guimarães de propor
uma homenagem à Revolução Cubana, deve ser encarado no contexto da democracia.
A
democracia, parece-me esta a melhor conceituação, assegura, em toda a sua
extensão, o direito de opinião, o direito de promover atos àqueles setores que
entendem que essa ou aquela orientação política é correta. Tenho alguma tradição,
porque já votei, já encaminhei muitas matérias com igual complexidade, se posso
assim dizer ao tratar de uma matéria, num primeiro momento, que pode ter alguma
complexidade, já discuti sempre com esse enfoque de contexto da democracia. A
democracia, esse regime que defendo, e se defendo a democracia tenho que me
colocar na perspectiva da democracia, que dá oportunidade a que todos os
setores dentro dela se manifestem. Assim que vejo essa questão.
A
Revolução Cubana, por exemplo, desempenhou um papel magnífico na história,
quando derrubou Fulgêncio Batista. Esse dado é indiscutível. Quando Fidel
Castro derruba Fulgêncio Batista, prestou um serviço ao seu povo que era
sacrificado pela ditadura de Fulgêncio Batista. Hoje, nos meios acadêmicos
internacionais, há esse consenso de que prestou um serviço. Se setores entendem
que o desvio da Revolução continua atendendo às suas opções ideológicas, eu
respeito.
O
que é que o povo cubano tem fazer ao estar descontente, derrubar o Fidel
Castro? Faz como fizeram os seus companheiros. Mas, afinal de contas, por que o
povo cubano não derruba o Fidel Castro? Por que nós já derrubamos regimes, por
assim dizer, fomos para as ruas, exercemos a democracia?
Então,
esta perspectiva nós temos que ter. Mas, mais do que essa perspectiva, o que
nós temos que ter é esta visão de Casa, de democracia.
Eu,
por exemplo, sou espiritualista cristão, admito e respeito quem seja marxista,
por ser materialista.
Então,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, essa visão me parece que deve presidir os atos
da Casa, este é o entendimento. O que nós não podemos é não permitir que
determinadas manifestações se produzam na Câmara Municipal de Porto Alegre,
mesmo que discordemos do conteúdo ideológico desta ou daquela entidade que se
pretende homenagear. Parece ser a melhor visão para a questão, não radicalizar,
porque se estou numa postura, não permitindo que se preste homenagem, estou
radicalizando, ideologizando o processo. Não posso ideologizar um processo,
tenho que democratizá-lo. Se tenho de fazê-lo, tenho que permitir que vários
atos e várias manifestações se prestem na Câmara Municipal de Porto Alegre.
Esta é a visão que tenho do problema.
Nesse
sentido, com esse diapazão, com esses balizamentos, Ver. Isaac Ainhorn, o PDT
encaminha favoravelmente à Moção para que se preste a homenagem. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 166/99.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
destempero verbal de alguns Vereadores, e a cegueira ideológica que a lavagem
cerebral produz nas pessoas, faz com que, muitas vezes, aconteça como Carolina,
que “o tempo passou na janela, e só Carolina não viu”.
Alain
Touraine, em seu livro “O que é democracia”, diz, com extrema clareza: “Muito
cuidado com as democracias diretas”. Houve democracias como a que o povo
italiano adorava em Mussolini, como o que o povo português venerava em Salazar,
como a que o povo espanhol adorava em Franco, como a que o povo inerte da
Etiópia adorava na figura do Rei Hailé Selassié. Pois, tivemos, no dia 31 de
dezembro de 1961, a morte de um dos mais odiosos títeres que a história
produziu: chamava-se Fulgêncio Batista. Pois, essa ilha, que teve o privilégio
de ser libertada por um movimento revolucionário, desgraçadamente, hoje sofre,
nas mãos desse movimento revolucionário, um dos mais vergonhosos genocídios que
este século violento mostrou à humanidade, a outra faceta do regime. Gostamos
muito de pensar que um país que só tem um partido, que não tem eleições, se
tiver já sabemos o nome do candidato, e vai ser aclamado, pela histórica
lavagem cerebral de um povo que não merecia. Um dia vamos conhecer a verdadeira
história do desencanto de Che Guevara com Cuba, da saída dele de Cuba. Alguém
vai contar a verdadeira história da morte de Camilo Sin Fuego. Alguém, pelo
fato de ter libertado um país de um inferno de Fulgêncio Batista, não tinha o
direito de fazer, de dar vazão a toda hediondez de um sistema absolutamente arbitrário,
despótico e cruel.
Essa
mesma lavagem cerebral a que está sendo vítima o povo cubano, outros povos já a
tiveram. Gostaria muito de que os proponentes, que a Bancada do PT lesse um
documento produzido pelo Deputado Marcos Rolim sobre as tendências do Partido
do Trabalhadores que sai do Piratini, dizendo como tem que falar, o que tem que
dizer, todos eles dizem, em uníssono, a mesma coisa, o jargão é o mesmo, as
palavras são as mesmas, os mesmos substantivos. Pois este monótono, este
monocórdio discurso está sendo produzido e se tentando instalar neste País
aquilo que foi banido do mundo, porque faliu, a utopia socialista desapareceu
do mundo, porque foi à falência sem guerra, sem nada. Ela extinguiu-se sozinha!
Mais do que isso: se somos contra o capitalismo selvagem, se lutamos contra
todas as mazelas do capitalismo, nós também lutamos contra as mazelas do
socialismo. Há de se reconhecer que a tentativa socialista existe em dois
pontos do mundo: na Coréia do Norte e em Cuba; duas atitudes puntiformes que
restam de um regime que, como todos os regimes totalitários, foi um regime
genocida, foi um regime que as populações não suportaram. Depois, veio o
desencanto maior quando houve as incríveis tentativas de banir do mundo a
democracia, usando toda e qualquer ditadura.
Nós
queremos eleições em Cuba; nós queremos partidos em Cuba. Nós queremos uma
sociedade plural em Cuba, e não essa demonstração de que a esclerose, a
gerontologia patológica de um ditador faça com que o mundo inteiro veja que
atrás daquele charuto e daquela barba existe uma história que ainda merece ser
contada, como um exemplo do que não se fazer, e para que a humanidade aprenda
que não é bem assim a coisa, e que existem duas histórias. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Ver. Helena Bonumá está com a palavra
para encaminhar a votação do Requerimento nº 166/99 pela Bancada do PT.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
entendemos que cabe a esta Casa aprovar a proposta do Ver. Renato Guimarães, no
sentido de marcarmos os quarenta anos da Revolução Cubana. Isso porque ela tem
um significado importantíssimo na história da luta por democracia e pelo
socialismo no mundo inteiro.
A
influência da Revolução Cubana, na América Latina e no Brasil, é inequívoca;
ela está na raiz da nova esquerda brasileira. Foi através da Revolução Cubana
que em muitos países da América Latina começou-se uma luta mais conseqüente,
mais intensa, contra a barbárie que o capitalismo fazia e faz há quinhentos
anos no nosso continente. Ela significa um exemplo na nossa História.
Então,
nós, do partido dos Trabalhadores, que não somos por apagar a História,
queremos sim, lembrar esse episódio, dessa página da luta por democracia e por
socialismo na América Latina e no mundo, resgatando esse aniversário da
Revolução Cubana como uma coisa que nos diz respeito. Nós que procuramos, nas
nossas administrações, nas nossas lutas, nos nossos movimentos sociais, levar
às últimas conseqüências a luta por democracia.
Quero
resgatar a posição do Partido dos Trabalhadores em relação a isso. Temos muito
respeito por Cuba. Em primeiro lugar, porque, como partido, nós respeitamos a
autodeterminação dos povos e aquele povo fez uma revolução social exemplar. Se
nós, como partido, temos em relação a eles algumas diferenças, e temos, porque
nós não temos a concepção de que socialismo seja como receita de bolo, que
pegamos e aplicamos em qualquer lugar. Socialismo é uma construção histórica
que, aqui no Brasil, o Partido dos Trabalhadores, quando surgiu, já tinha a
compreensão em relação aos caminhos da construção do socialismo e que a
democracia é sim um valor estratégico fundamental para qualquer sociedade. Mas,
faz parte da democracia o respeito à autodeterminação dos povos. E o povo
cubano entende que a situação que Cuba vive é a melhor para si.
Quero
resgatar que o bloqueio econômico, estratégico para os rumos da Revolução
Cubana também, que tem sofrido aquele pequeno país, desde de sempre, a partir
do imperialismo internacional e a partir dos Estados Unidos, conta nas
condições de vida daquele país. Mas é necessário dizer, e o Ver. Guilherme
Barbosa me lembrava de uma frase que tem num cartaz. “ No mundo inteiro milhões
de crianças, diariamente, morrem de fome e estão nas ruas.” Em Cuba não há
isso. Em Cuba tem educação, em cuba tem justiça social. Porque democracia,
senhores, não é apenas econômica e participativa, democracia é social. E esse é
o problema do nosso País. É por isso que o Partido dos Trabalhadores luta.
Há
duas coisas que eu quero deixar registradas, aqui, em relação à posição do PT
neste debate. A primeira, é o respeito à autodeterminação dos povos e o
reconhecimento da importância da Revolução Cubana para aquele povo, para as
condições de vida daquele povo, para as condições de determinação daquele povo.
A
segunda, é reafirmar a posição do nosso Partido de socialismo com democracia,
pelo que temos lutado e pela liberdade de os povos se autodeterminarem e de
construírem seus próprios rumos. E aqui, onde somos Governo, tanto em Porto
Alegre, já há três gestões, como agora no Governo do Estado, nós temos dado uma
demonstração concreta da nossa visão e concepção de democracia. Democracia
ocorre na prática, quando a gente governa. Foi muito bom termos esse debate
sobre o Orçamento Participativo, porque ele é o atestado concreto de que o PT,
quando governa, é democrático. Queremos que a população se autodetermine,
fixando as suas próprias regras de como essa democracia deve funcionar. Faz
parte da nossa concepção de democracia e ela está arraigada no nosso
funcionamento, quando a gente entra no Executivo.
Referendo,
mais uma vez: o nosso respeito à Revolução Cubana tem o sentido de recuperarmos
uma página fundamental da nossa História e recuperarmos o direito de que os
povos tenham a sua autodeterminação. Queremos, também, recuperar a idéia de
socialismo, porque nunca o socialismo foi tão atual, pois temos governos
neoliberais, como o Governo Brasileiro, cortando brutalmente políticas sociais,
vendendo o nosso País ao FMI, ao capitalismo financeiro internacional. Nós
temos sim, que recuperar, no dia-a-dia das nossas lutas e de nossa prática, a
idéia de socialismo e mostrar como o povo de uma ilha pequena, passando tantas
dificuldades, fez uma revolução social, e achou - por mais que possamos
entender que não seja bem assim - o seu próprio caminho para o seu
desenvolvimento, apesar de todo o boicote internacional. Certamente nós, como
um País grandioso, temos condições de fazer a mesma coisa, a nossa moda, de
acordo com os nossos critérios, ou seja, socialismo com democracia. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. 1.º SECRETÁRIO: Apregoamos as Emenda de nº 2 e 3, de
autoria do Ver. Juarez Pinheiro e a Emenda de nº 4, de autoria do Ver. Renato
Guimarães, todas apostas ao Projeto de Resolução nº 38/99.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento nº 166/99, do
Ver. Renato Guimarães. a votação será nominal por solicitação do Ver. Renato
Guimarães. (Após a chamada.) APROVADO
por 13 votos SIM, 04 votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES.
Em
votação o Requerimento nº 169, de autoria do Ver. Luiz Braz, que requer seja
convidado o Sr. Mauri Cruz, Diretor-Presidente da Empresa Pública de
Transportes e Circulação - EPTC, para comparecer em Plenário e prestar
esclarecimentos sobre a arrecadação e destinação dos recursos arrecadados
através das multas de trânsito. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra,
para encaminhar.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, me
parece que esta é uma Casa de debates e, impedir os debates no berro, no grito,
não é do feitio desta Casa. O debate é muito bom, porque tem ponto e
contraponto. As pessoas que nos vêem, aqui, neste Plenário, e as pessoas que
nos vêem na televisão, certamente podem tirar as suas conclusões através da
audiência dos dois lados.
Ontem,
no Programa Lasier Martins, às 14 horas, na Rádio Gaúcha, foi noticiado pelo
Ver. Hélio Corbellini, Presidente da Comissão que trata deste assunto, Vereador
de situação, que vota permanentemente com a Bancada da situação, que através de
um Relatório, depois de ouvidas personagens e testemunhas de acusação, que os
“azuizinhos” estavam sendo incitados a aumentar o número de multas de trânsito,
e, principalmente, utilizando caminhões-guincho. Esta denúncia foi averiguada
por esta Casa. Segundo o seu Relator, vários fatos importantes decorrem deste
Relatório, o que tem a concordância do Dr. Mauri Cruz, Diretor da EPTC e
Secretário Municipal de Transportes, que deu entrevista hoje à tarde, dizendo
que, embora não concordando com as conclusões, o Relatório era saudável e havia
sido feito adequadamente.
A
conclusão, Ver. Luiz Braz, é que a EPTC não tem força de polícia, porque os
chamados “azuizinhos” são celetistas. Essa é uma das conclusões que pode
anular, inclusive, através de um mandado judicial todas as multas aplicadas em
Porto Alegre desde a sua criação. Houve um erro jurídico grosseiro e isso
aparece no relatório. Mais do que isso, a pessoa que era responsável pelas
multas no centro da Cidade, segundo o relatório, realmente incitava os seus
comandados a multar muito mais do que aquela produção apresentada, inclusive,
transformando os números de guinchamento para mais. Isto é, empresas
terceirizadas fazem o guinchamento em Porto Alegre; a ilação é óbvia.
Esse
relatório é conclusivo de que a denúncia de Mário Jardim, que foi excluído,
inclusive, da EPTC, era correta. Quem denunciou e denunciou corretamente foi
para a rua da EPTC e quem não denunciou, ao contrário, que era o acusado,
encontrava-se até há pouco tempo dentro da EPTC. Nós queremos saber o que vai
acontecer agora em relação à Empresa, a sua responsabilidade, ao seu poder de
polícia e, evidentemente, a exposição de uma pessoa que denunciou
adequadamente, comprovadamente, segundo o relatório, e qual o papel que essa
EPTC desempenhará em relação a um funcionário que foi, injustamente, destituído
de suas funções?
Penso
que é um assunto grave, muito mais grave do que se pensa. Penso que um
relatório desses tem que vir para o Plenário para ser debatido, ser votado, ser
discutido no seu sentido mais amplo, porque ele tem repercussões. Inclusive, há
pessoas cujos direitos foram feridos, segundo esse relatório. Parece-me que
este debate é fundamental. Assim como aquelas pessoas que diziam que era
bobagem esse negócio dos “azuizinhos” - tiveram que devolver as multas. Agora,
está sendo questionada, inclusive, a idoneidade jurídica da Empresa, já que os
seus procuradores, cujos erros de Português, grosseiros, cometidos em vários
documentos exarados por essa Procuradoria, mostram a forma como tratam esse
tipo de interesse, em que vemos, com muita preocupação, a publicação desse
relatório como mais uma das grandes trapalhadas que foram e são cometidas
dentro de um contexto regido por uma cartilha que aos poucos começa a ser
desmascarada. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 169/99 pelo PT.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, pela
segunda vez nós estamos encaminhando e discutindo um Processo e o Ver. Cláudio
Sebenelo fala em outro. Hoje, acho que foi distração, o que não aconteceu na
segunda-feira da semana passada; foi tipo, assim, ser bastante vivo,
inteligente, malandrinho!
O
que estamos votando e temos acordo é a atuação correta e eficiente do Vereador
de oposição, que não tem o que dizer. O Ver. Luiz Braz fez um pedido de
informação sobre as arrecadações da EPTC nos cinco primeiros meses do ano.
Houve uma resposta sobre a arrecadação e da despesa. De fato, entre as duas
havia uma diferença de quase seiscentos mil reais. O Vereador questionou desta
tribuna sobre o que foi feito desse dinheiro. Eu próprio já coloquei a
informação. O Presidente já teve uma reunião com o Presidente da EPTC, Mauri
Cruz, que disse das séries de licitações que estão sendo encaminhadas e que,
inclusive, ultrapassam esse valor.
Portanto,
estamos de acordo com o Requerimento do Ver. Luiz Braz para que o nosso
Presidente venha até a Casa e esclareça, no âmbito do Plenário, essa diferença.
Com
relação às outras questões citadas pelo Ver. Cláudio Sebenelo, nós temos
discordância nessa tese. E que se sublinhe: a Empresa Porto-Alegrense de
Transporte e Circulação é pública e foi criada por uma Lei aprovada, se não me
engano, por unanimidade, e essa tese de que os fiscais não têm autoridade - eu
não sou advogado, mas para mim é uma grande bobagem -, mas vamos deixar que os
advogados discutam esse Relatório do Ver. Hélio Corbellini. De qualquer
maneira, nós discordamos, e os depoimentos não levam a essa conclusão, mas,
mesmo que levem, o Relatório diz que era localizado, não é política da Empresa
estar cobrando multa ou coisa assim.
No
mérito do Requerimento estamos de acordo e vamos votar a favor. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o Requerimento é para que
o Sr. Secretário Municipal dos Transportes seja convocado ou convidado?
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib é para que ele seja
convidado.
Em
votação o Requerimento nº 169/99. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
(Obs.:
Foram aprovados os demais Requerimentos constantes da Ata.)
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerram-se
os trabalhos às 18h43min.)
* * * * *